A MISSA PARTE POR PARTE - Módulo 3

01/06/2012 22:13

 

A MISSA PARTE POR PARTE

Módulo 3

 
3. Liturgia Eucarística
 
Preparação dos dons
Terminada a Liturgia da Palavra, nossa atenção se volta para a segunda mesa, o Altar, onde serão colocadas as oferendas do Pão e do Vinho.
Este gesto significa a partilha da nossa vida e dos nossos bens, por isso podemos neste momento, fazer a nossa oferta material para a manutenção da Igreja e das obras de caridade.
Através da Oração Eucarística, o Pão e o Vinho que foram trazidos ao altar pela comunidade como fruto da terra e do trabalho humano, pela ação do Espírito Santo, se transformam no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo e serão devolvidos à comunidade como alimento espiritual, na hóstia consagrada.
 
A água misturada no vinho
A água misturada ao vinho é sinal da humanidade salva em Cristo
Através da água nós nos unimos a Cristo e também somos oferecidos ao Pai e nos tornamos no Filho, filhos muito amados.
 
A apresentação do Pão
Durante a apresentação do pão e do vinho, o povo permanece sentado.
A oração que acompanha a apresentação do pão e do vinho é inspirada na antiga bênção judaica que Jesus pronunciou.
Terminada a procissão e estando o altar preparado, deve-se parar o canto para que a assembleia ouça as fórmulas que o sacerdote reza, aclamando ao final: Bendito seja Deus para sempre.
 
O sacerdote apresenta a oferenda do pão, rezando: Bendito sejais, Senhor Deus do Universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar pão da vida.
O povo aclama: Bendito seja Deus para sempre.
 
- Quando o diácono prepara as oferendas, ao misturar o vinho e a água ele reza: Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.
 
- Na ausência do diácono, o padre, após a apresentação do pão prepara o cálice. Em seguida o apresenta a Deus Pai, rezando: Bendito sejais, Senhor, Deus do Universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da Salvação.
O povo aclama: Bendito seja Deus para sempre.
 
Em seguida o sacerdote lava as mãos, exprimindo por esse rito o seu desejo de purificação interior, rezando: Lavai-me, Senhor das minhas faltas e purificai-me dos meus pecados.
 
Concluída a preparação dos dons inicia-se a oração eucarística com o convite aos fiéis para a oração sobre as oferendas: Orai irmãos e irmãs para que este nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo-Poderoso.
O povo responde: Receba o Senhor por suas mãos este sacrifício, para a glória do seu nome, para o nosso bem e de toda a Santa Igreja.
 
4. A Oração Eucarística
 
Inicia-se agora a Oração Eucarística, centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação.
 
O sentido desta oração é que toda a assembleia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. O sacerdote prepara o espírito dos fiéis através de três convites:
 
SAC- O Senhor esteja convosco!
T - Ele está no meio de nós. Nós acreditamos que o Senhor está no nosso meio. Então vem o segundo convite.
 
SAC - Corações ao alto!
T - O nosso coração está em Deus. Ou seja, o nosso pensamento, o nosso sentimento está todo voltado para Deus. Por isso acolhemos o terceiro convite.
 
SAC - Demos graças ao Senhor nosso Deus!
T - É nosso dever e nossa salvação. Temos consciência de que a nossa salvação consiste em dar graças constantemente, reconhecendo que tudo o que temos e somos é dom de Deus.
 
Na Oração Eucarística, podemos distinguir os seguintes elementos:
 
4.1. Ação de Graças ou Prefácio
É o momento em que nós vamos agradecer a Deus porque nós recebemos dele Jesus Cristo, expresso principalmente no Prefácio, em que o sacerdote, em nome de todo o povo santo, glorifica a Deus e lhe rende graças por toda a obra da salvação ou por um dos seus aspectos, de acordo com o dia, a festa ou o tempo; 
 
- Na verdade é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor Pai Santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Ele é a vossa palavra viva, pela qual tudo criastes. Ele é o nosso Salvador e Redentor, verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da virgem Maria. Ele, para cumprir a vossa vontade e reunir um povo santo em vosso louvor, estendeu os braços na hora da sua paixão a fim de vencer a morte e manifestar a ressurreição. Por ele os anjos celebram vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória.
 
4.2. A Aclamação 
Pela qual toda a assembleia, unindo-se aos espíritos celestes, canta ou recita o Sanctus; esta aclamação, parte da própria Oração Eucarística, é proferida por todo o povo com o sacerdote (IGMR 55b).
Ele é a dobradiça que une o PREFÁCIO à ORAÇÃO EUCARÍSTICA, o Antigo ao Novo Testamento.
- Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, (dizendo) cantando a uma só voz: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo. O céu e a terra proclamam a vossa glória. (Is 6,3) Osana nas alturas. Bendito o que vem em nome do Senhor. Osana nas alturas (Mt 21,9).
 
4.3. A Epiclese
Epiclese significa literalmente “invocação”. No vocabulário litúrgico, a epiclese é a invocação do Espírito Santo, ora sobre os dons, “de modo que se convertam, para nós, no Corpo e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo”, ora sobre a própria comunidade, para que, participando nos frutos da Eucaristia, “Seja reunida pelo Espírito Santo, num só Corpo”. A primeira epiclese chama-se Epiclese Consagrante; a segunda, Epiclese de Comunhão.
 
 “- Na verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda santidade. Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito, a fim de que se tornem para nós o Corpo e + o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor Nosso” (OLM  103).
E nós pedimos: Santificai nossa oferenda ó Senhor
 
Em atitude de adoração, nos colocamos de joelhos.
 
4.4. A Narrativa da instituição 
É a hora em que o celebrante num diálogo íntimo com o Pai, vai nos contar como foi aquele momento sublime da transformação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo:
 
“Estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão, ele tomou o pão, deu graças e o partiu e deu a seus discípulos, dizendo: TOMAI TODOS E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS. Do mesmo modo, ao fim da ceia, ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente, e o deu a seus discípulos, dizendo: TOMAI, TODOS E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS PARA REMISSÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM” (OLM 104 e 105).
 
Não é hora para rezar, nem para abaixar a cabeça. É hora de olhar para o altar onde Cristo se fará presente naquele pão e naquele vinho que foram levados pela própria comunidade.
O relato da Instituição é o exemplo mais sublime da atualização da Palavra de Deus. Trata-se, na realidade, da leitura de um texto bíblico, uma leitura semelhante à do evangelho. Só que esta leitura realiza, ao mesmo tempo, o que ela significa: a Palavra converte-se em ação, muda o pão e o vinho em Eucaristia. Aliás, em nenhum outro momento da celebração se verifica melhor o que Jesus proclamava na sinagoga de Nazaré: “Hoje, cumpriu-se para vós a Palavra que acabais de escutar”. (Lc 4,21)
 
4.5. A Anamnese
Pela qual, cumprindo a ordem recebida do Cristo Senhor através dos apóstolos, a Igreja faz a memória do próprio Cristo, relembrando principalmente a sua bem-aventurada paixão, a gloriosa ressurreição e a ascensão aos céus.
- Anamnese ou Memorial – significa fazer memória do acontecimento, atualizar.
Cristo na última ceia tinha ordenado: “Fazei isto em memória de mim”. 
- A oração da anamnese responde ao pedido de Cristo. Tendo cumprido a ordem de Cristo – Fazei isto em memória de mim - o padre anuncia:
– Eis o Mistério da Fé.
E nós, numa atitude de quem acredita na ressurreição nos colocamos de pé e aclamamos:
– Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.
 
4.6. A Oblação
- Oferecendo ao Pai a hóstia consagrada, a igreja nos ensina que também nós devemos nos oferecer a Deus através do serviço ao nosso próximo. 
- A oração diz assim:
 - Celebrando, pois, a memória da morte e ressurreição do vosso Filho, nós vos oferecemos, ó Pai, o pão da vida e o cálice da salvação; e vos agradecemos porque nos tornastes dignos de estar aqui na vossa presença e vos servir.
 
E nós rezamos: Recebei, ó Senhor, a nossa oferta.
 
- E nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só corpo (epiclese de comunhão) (OLM 107).
 
E nós pedimos: Fazei de nós um só Corpo e um só Espírito.
Olha que interessante: o pão e o vinho, que num primeiro momento foram apresentados como fruto da terra e do trabalho humano, agora são oferecidos como pão da vida e cálice da salvação. 
 
4.7. As intercessões
- Quando rezamos pela unidade da Igreja, pelos vivos e pelos falecidos.
Lembramos do Papa, dos Bispos, dos Sacerdotes, dos Diáconos e, de modo geral, de todos os que exercem um cargo no povo de Deus... 
 
– Rezamos pelos defuntos que nos precederam na fé e vivem, agora, junto de Deus, pela comunidade celebrante, para que também ela se reúna com a Virgem Maria e todos os santos do céu, num único louvor.
 
- Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na caridade, com o papa..., com o nosso bispo... e todos os ministros do vosso povo.
E nó rezamos: Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja!
 
- Lembrai-vos do vosso filho..., que chamastes deste mundo à vossa presença. Concedei-lhe que, tendo participado da morte de Cristo pelo batismo, participe igualmente da sua ressurreição.
E nós pedimos: Concedei-lhe contemplar a vossa face
 
- Lembrai-vos também dos (outros) nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos os que partiram desta vida: acolhei-os junto a vós na luz da vossa face.
E nós pedimos: Lembrai-vos, ó Pai, dos vossos Filhos.
 
- Enfim, nós vos pedimos, tende piedade de todos nós e dai-nos participar da vida eterna, com a virgem Maria, mãe de Deus, com os santos apóstolos e todos os que neste mundo vos serviram, a fim de vos louvarmos e glorificarmos por Jesus Cristo, vosso Filho (OLM 107).
 
E nós imploramos: Concedei-nos o convívio dos eleitos.
 
4.8. A doxologia final – ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo
Toda Oração Eucarística é Doxológica, isto é, palavras (logos) de louvor (doxa) dirigidas a Deus, e o Amém da assembleia, que conclui este louvor, ratifica, de fato, o conjunto da oração. A doxologia com que termina a oração eucarística resume a tonalidade desse louvor.
Este resumo faz parte da oração eucarística e, portanto, é presidencial.  A nossa participação na doxologia consiste no Amém, consciente, forte, bonito, cantado.
A liturgia romana conservou a antiga fórmula trinitária:
Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém.
 
(continua no módulo 4)